Num mundo cada
vez mais tecnológico, onde o tempo que passamos juntos é cada vez menor, fruto
da alienação dos seres e do vício de recorrer ao mundo virtual para nos
sentirmos “seguros” e para que o nosso índice de “coragem” suba e a nossa
auto-estima cresça de forma a poder “lutar” e exibir-nos de forma controlada
aos outros.
Tudo isto faz que
a nossa ligação aos equipamentos se torne um vício, algo que aos poucos
perdemos controlo, algo que aos poucos nos afasta da realidade e nos transporta
para um mundo virtual onde não a limite para sonhar e fazer de conta. Mas na
vida real isso traz custos elevados, custos que surgiram na nossa vida diária,
na nossa forma de ver os familiares, os amigos, companheiros.
Velhos são os
tempos em que mal existiam estes instrumentos de alienação e passávamos a maior
parte do nosso tempo na rua a “brincar”, onde saia de manhã e só voltava para
almoçar, saindo de novo para correr, saltar, viver experiencias e sentir a
vida. Nessa altura não havia equipamentos móveis e tecnologias que servissem
para avisar os meus pais. Estava por minha conta e risco, entregue a mim mesmo
e aos meus amigos.
Velhos são os
tempos em que saia de manhã para apanhar o bus e íamos todos as 7h30 para a
praia, voltando só as 17h30 e sem nada nem ninguém para nos proteger senão nós
mesmos.
Fui pioneiro em
ter um Spectrum ZX, fui pioneiro em ter uma NES e um 386 em casa com ligação a
internet, no entanto foi sempre o convívio que chamava mais alto, foi sempre ir
jogar a bola, tocar as campainhas, ficar até tarde na conversa, ir ao cinema em
grupo.
Hoje tudo se
sabe, tudo se vê, tudo se coloca em público, tudo fica exposto, tudo… colocando
as pessoas em mais risco… O facto de tudo se saber faz com que a nossa vida
seja escrutinada, debatida, analisada, criticada com a nossa permissão.
Para que?
Ter infinitos
amigos nas redes sociais apenas serve de troféu para demostrar que estamos a
transformar nos em seres virtuais… em que o contacto humano deixa de ter
significado e tudo se faz pela Web.
No meu tempo
tinha meia dúzia de Amigos e muitos conhecidos mas com os Amigos contava a 200%
e eles em mim, o elo, a ligação era sem igual. Éramos parceiros, cúmplices,
irmãos de
brincadeiras.
Mesmo com o
passar dos anos ainda tenho esses amigos, amigos desde os 7 anos, amigos que
são eternos e que não precisam de um Like, de um ok numa foto, de um SMS… Amigos
que quando os vejo, parece que estivemos sempre juntos e estamos juntos a toda
hora.
Mesmo com as
nossas vidas, mesmo com as nossas famílias, mesmo com tudo o que envolve um
individuo estamos juntos. Um Telefonema, uma visita, um recordar dos tempos de
criança… Uma vida.
Afinal sem estas
experiencias, como o ser Humano se pode formar em relações sociais e poder aprender
o que é a vida em sociedade e como funciona o mundo real. A ligação com outros
seres num frente a frente libertador e emocionante em que tudo é uma evolução
constante.
Ser um bicho
social… ou ser socialmente um bicho… eis a questão.
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