terça-feira, 16 de agosto de 2022

A minha Verdade...

Tirei o curso de treinador há 4 anos com o intuito de poder aplicar o meu conhecimento de gestão de equipas no campo e de aplicar toda a minha paixão pelo desporto (futebol) na formação.

A primeira questão que me colocaram foi… como é que alguém da área da comunicação e da programação foi parar em desporto e neste caso como treinador de futebol…

Resposta simples, para além das competências desportivas, eu considero que um treinador da formação deve ter as características de líder, de comunicador, de mentor, de colega e ao mesmo tempo de disciplinador.

Uma das coisas mais complicadas na vida da humanidade é a comunicação clara, objetiva e onde os interlocutores devem saber qual a forma mais clara de passar a mensagem, sem ruido, sem omissão, sem deturpação da mesma.

Ora trabalhando na área da programação, uma das coisas mais complexas que existe é por um programador a tentar explicar algo a um stakeholder ou mesmo ao management que nem sempre possui o know how  de como dizer algo que é complexo por palavras simples.

O meu estágio foi feito em Avintes, mais concretamente no F.C Avintes, onde conheci uma fantástica equipa de U11 e jogamos futebol de 7.

Foi uma equipa complexa pois os desequilíbrios entre os atletas eram gritantes e a falta de organização e de qualidade era complexa de gerir.

A equipa técnica, era constituída por mim e um colega que também estava a fazer estágio mas que já possuía experiencia de treino. Ele sabia muito bem como organizar os treinos e elaborar as unidades de treino no entanto, talvez por ser muito mais novo que eu, pecava na liderança e na forma de gerir os miúdos e por consequência os pais dos mesmos.

Fomos “abandonados” a nossa sorte fazendo dos treinos a nossa rotina, sem feedback, sem aconselhamento, fomos gerindo as coisas e levando uma equipa que na época anterior tinha tido apenas derrotas a lutar por objetivos.

Foi uma época complexa mas fizemos muito melhor que a época passada e conseguimos vitórias construtivas depois de muito trabalho e de muitas batalhas.

Foi o meu primeiro contacto com uma realidade que desconhecia… a estrutura de um clube com as suas qualidades e defeitos… e o “bicho” papão dos encarregados de educação…

No fim a época foi positiva e graças a “nos” conseguimos criar uma base e o começo de uma Equipa, ao meu colega pelo tipo de treino criado e a mim pela gestão dos atletas e dos pais de forma a conseguirmos fazer o nosso trabalho.

Seguiu a época seguinte em que estive perto de 2 meses no Panther Force em Gaia, com uma equipa de U12B no entanto e após falar com um colega de curso consegui um convite para ir para um clube do padrão da legua.

O meu primeiro desafio a “solo” e bem a solo foi… Apesar da grandeza do clube, varias coisas condicionaram a minha equipa, mais uma vez por falhas de comunicação ou melhor pela falta de comunicação.

A equipa foi os U11 A voltando a um escalão de 11 e com uma equipa desafiante em todos os aspetos que se possa imaginar…

Começando por haver equipa A e B e nesse aspeto já existir uma “competição” entre os encarregados de educação sobre esta definição…

Depois por ter atletas com imenso potencial, mas com egos enormes e comportamentos abomináveis (incutidos pelos progenitores), eis um tema que condiciona muito a forma de trabalhar de um treinador pois os atletas já vêm aos treinos com o conceito de vedeta e tentando sempre rebaixar os colegas quando erram de forma a condicionar o treinador e o treino.

Para piorar isto veio o Covid e com ele os campeonatos pararam e os treinos ainda mais condicionados ficaram. Tive que agilizar com a equipa B treinos online para não perder atletas… Não se consegui fazer um trabalho com qualidade e foi desmotivante não conseguir evoluir estes atletas…

 Veio a segunda época e um futebol diferente com 9 jogadores de campo. Este foi um ano decisivo em todos os aspetos para mim e um ano de muita evolução. Perdi 2 atletas fruto de um treinador que decidiu sair e levou meia dúzia com ele do clube… mas ganhei alguns novos atletas com muito potencial.

Época começou bem até o coordenador que iniciou a época ter saído passado 2 meses e ter entrado um sujeito que deixou o clube… levou atletas de qualidade do clube…. E retornou como coordenador quando a coisa correu menos bem…

Aqui começou uma história de como manipular, deturpar, destruir, interferir e condicionar uma equipa que tinha tudo para o sucesso…

A ferro e fogo foi me imposta uma lei marcial, na qual me tiravam atletas para terem treinos em escalões acima sem sequer ser questionado, em que filmavam partes do meu treino, fotografavam partes do meu treino e interagiam com os meus atletas durante o treino o que causava distração…

Começaram a surgir criticas, boatos, rumores, intrigas… mas conseguimos superar a primeira fase do campeonato, chegando a Elite.

Apesar das minas e armadilhas criadas conseguimos ir a Elite… e claro foi feita a tentativa de deturpar o conseguido dizendo que tínhamos ficado numa seria mais fácil e a equipa B numa mais complicada…

Na Elite ficamos em 5 com equipas como SCP, Trofense, FC Porto, Infesta… mas mesmo assim… não estava bem…

A minha avaliação foi 2/5 pois os meus treinos não eram ricos… esqueceu-se de referir que interferia em tudo o que eu fazia e passava mensagens erradas aos encarregados de educação… Interferiu nas minhas convocatórias, ameaçando que se eu não altera-se a mesma teria os dias contados no clube…

Fazia contantes apontamentos ao presidente de situações inventadas, quando uma atleta teve um ataque de asma e ele usou isso para dizer ao presidente que eu deixava a atleta a margem e que não a integrava na equipa… Ação que fez o presidente falar comigo e dizer coisas como “sabemos que é miúda e que as miúdas são mais limitadas…” mas “somos um clube integrador e não esta a agir bem ao deixar a miúda a margem do treino…” fiquei tão atónito que fiquei calado estupefacto a ouvir tamanha injustiça… Valeu me o pai da atleta estar a par da situação…

Isto para não falar de entradas no balneário para me fazer sombra… e os recados que eram enviados ao meu adjunto que apenas serviam para criar mais instabilidade.

Foi uma experiencia que no final (e agora que olho para atrás) me fez crescer e ter uma perspetiva diferente da forma como são geridos os clubes, dos lobbies, das intrigas e a forma podre como os bastidores funcionam.

Ficarei na historia do clube seja pelo cartão branco que recebi e que o clube desconsiderou (considerando o de outro colega), seja por ser a única equipa da academia a ter estado na Elite, seja por ter ajudado na formação de uma equipa e ter evoluído atletas (coisa que o clube não reconheceu), seja por fim por estar no livro do clube numa pagina central em grande plano.

Agora é seguir caminho e olhar para um novo desafio…

Estou quase a findar o nível II e posso dizer que cresci muito e estou a aprender muito, hoje sou melhor treinador que ontem e amanhã serei melhor treinador que hoje.

Estou num clube que acredita em mim, que me deu uma equipa a minha medida e que confia em mim e no projeto que posso ajudar a desenvolver.

Saudade dos “meus” miúdos estará sempre presente mas sei que os meus U14 chegaram ao infinito e mais além pois quando uma estrutura é forte e apoia os seus treinadores tudo se torna mais fácil.

Quanto a mim, espero em breve fazer o meu estágio de nível II e dar mais um passo na minha curta carreira de treinador.

O futuro… esse é construído todos os dias, mas aprendi que para chegar ao céu tens de passar pelo inferno primeiro.

 


#rumoaseleçãoperuanadefutebol